quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Depois do Portugal - Bósnia


O Ronaldo anda vaidoso
de seu nome correr mundo:
enxerga-te, Azenha tolo,
quem não se vê vai ao fundo.

O Ronaldo e mais o Mata
aqui mesmo na Brandoa
têm a língua de prata
como cabe a gente boa.

Mas hoje é dia de festa,
viva a nossa selecção!
Ó rima, faz-te modesta,
pensa com o coração.

domingo, 6 de novembro de 2011

Resposta de Feliciano da Mata

Ora o amigo Ronaldo
acha que eu saí por cima?
De contas sem nenhum saldo
é que não sai boa rima.

Desilusão

O Mata saiu por cima
O Gil pôs-se na alheta
Olha a malta desta rima!
Afinal é tudo treta!

domingo, 23 de outubro de 2011

Resposta a Alcipe


É demais, Senhor Alcipe:
um homem não é de ferro!
Ninguém tem mais apetite
de sujeitar-se a um erro.

Se o seu patrão não lhe paga
com que me dar o sustento,
fique o senhor com a chaga,
que eu parto com o vento.

a) Feliciano da Mata

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

De Alcipe para Feliciano


Feliciano da Mata,
meu amigo mais constante,
que cegueira se desata
que fez de nós tão distantes

pólos da mesma grafia,
que nos cerca os anos ledos,
enquanto a hierarquia
explora nossos medos?

A paz te proponho aqui!
Vem e esquece quanto vi.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A zanga


Ronaldo, não quero servir
mais de mordomo a poetas!
Eles não sabem ouvir
senão doutoras de Letras!

Assim, quando um operário
lhes vem dizer sem rebuço
que o miserável salário
que ganha dá para um chuço

para levar suas cabeças
no dia do "Ça ira",
sai-lhes do fundo das berças
a fúria que Deus lhes dá!

Poetas leve-os o vento
para o raio e para o tormento!

a) Feliciano da Mata





segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Imitado de Augusto Gil

Batem leve, levemente,
na internet sem fim:
Será post? será gente?
Gente não é certamente
e um post não chega assim.

Fui ver: toda a blogosfera
rugia de vil furor.
Tentei saber do que era,
mas só colhi mais pavor!

Mas aos blogues, Senhor,
porque lhes dais tanta dor
se são assessores no fim?

a) Feliciano da Mata

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Confraria dos Financeiros


Ronaldo, estes financeiros,
são de boa companhia:
alegres e hospitaleiros,
e nem pediram poesia!

Assim falei do trabalho
e sisudo me posei:
em sério é que eu não falho,
no verdadeiro não sei!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Gil voltou a Lisboa!

RESPOSTA A FELICIANO DA MATA


Voltei mas sem alegria,
Já de saudades tolhido;
Bem comido, bem bebido,
Com as conversas em dia.
E que bem fui recebido
P’lo Ronaldo e p’lo Mata!
Fui tratado com carinho,
Dormi em lençóis de linho,
Tive baixela de prata,
Nunca me senti sozinho.

Como perfeito turista
Calcorreei “boulevards”,
Perdi-me em revoltos mares
De vertigem consumista,
Respirei cálidos ares.
Nesse meu deambular
Por franças e araganças
Nem Ministro das Finanças
Nem bancos a estrebuchar
Perturbaram as andanças.

Regressado ao território
De que a "troika" é rainha,
Vou retomar a vidinha:
Às nove, no escritório,
Às dez da noite, caminha...
Adeus luxos requintados,
Não mais luzes nem fulgores.
Só medo e os pavores
Do “default” e dos mercados.
É crise mas de valores.

Vede pois, amigos meus
Como é triste a minha sorte:
Venho de terras do norte,
Europa alem-Pirinéus.
E sem ter nada que exporte
Só posso a Deus pedir,
Invocar seu Santo Nome,
Para não morrer à fome,
Que a economia retome
E o crédito volte a fluir.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Notícias do Gil

Sabes, amigo Ronaldo,
lá no nosso Portugal
nem anda tudo tão mal:
o Gil voltou são e salvo!

Andou na rota dos vinhos
e diz que foi a Colmar
na arte se deslumbrar:
a gente sabe os jeitinhos

para contar uma história!
Portugal, o Gil voltou
e a rima não o deixou:
que fique para memória.

Feliciano da Mata


O conhecido mordomo-poeta acedeu, com relutância, a publicar finalmente a sua imagem, ao lado de Alcipe.

"Senhor Alcipe, não gosto disto; notoriedades não são comigo" disse o honrado trabalhador.

Aqui fica.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ronaldo que não saiu de Pont de Sèvres


Ó Ronaldo: grande festa,
música na embaixada!
Tu não quiseste a modesta
boleia aqui do Mata...

Ficaste fechado em casa,
amuado e mal disposto,
não viste passar a asa
do anjo que não tem rosto

e vive só dessa música
que nos consola estes dias,
a lembrar a pobre tísica
a perder-se em fantasias...

Traviata de bordel,
dívida a sair do mar,
Vénus vestida de pele
com o euro por cuidar!

Ó Ronaldo, não te feches
nessa capa de ironia:
já que pregamos aos peixes
ao menos haja alegria!

a) Feliciano da Mata

sábado, 10 de setembro de 2011

Gil "à la recherche du commentaire perdu"

Dada como desaparecido
Do mundo da poesia
O comentário perdido
Voltou ao terceiro dia.

Perdeu-se no hiperespaço,
Andou p’ra baixo e p’ra cima
Mas devagar, passo a passo,
Já está no Malta da Rima

a) Gil

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Censura


A censura cibernética
cometeu nefando crime,
privando-nos da poética
do Gil, poeta sublime,

que entretém os seus ócios,
com a jovem que o adora,
nestes líricos negócios
que a rede vem deitar fora!

Cosidos com as paredes,
versos a desaparecer...
Nós queremos nossas redes
livres para o verso tecer!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Gil em Pont de Sèvres

“Tu já sabes como é,
A ‘Rima’ fala de tudo!”
usando o telelé,
disse o Ronaldo, sisudo.

Minha próxima chegada
à terra dos franciús
a propriamente chamada
eterna Cidade Luz,

foi razão p’ra um amigo
divulgar (Deus me contenha)
que vou procurar abrigo
no casebre do Azenha!

Acusa-me a, mim, de “desprezo”
(ó conradiano horror!)
só porque eu já estava preso
por um convite anterior.

Estou desfeito, arrasado,
com esta acusações!
Fiquei tão transtornado
Que pensei com meus botões

e esta ideia me veio:
p’ra evitar zaragata,
pudesse eu cortar-me ao meio
e punha metade no Mata.

a) Gil

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vida social


Tive notícias do Gil
(que também não rima nada).
Parece que uma não vil
mansão escolheu para pousada

nessa visita a Paris
que quis jovial e farta:
e chez Ronaldo ele quis
ficar, desprezando o Mata!

Pois não se esqueçam então,
vós, Ronaldo e a madama,
de preparar um festão,
que o Mata já reclama!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Epístola a Ronaldo Azenha

Vê lá que o embaixador
tem malcriados no blogue!
Já nós, Ronaldo, um torpor:
a malta da rima foge!

É pena: sabes do Alcipe?
Trabalha agora em mudanças,
carregando livros num jipe,
só depois regressa a França!

Qualquer dia vou a Sévres
beber uma jeropiga:
"j'ai votre goût dans mes lèvres"
disse aí a uma rapariga...

E assim passou esta data
para o Feliciano da Mata!


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Contra Warren Buffet


Para mim, Haroldo Menezes,
é só lagosta e faisão!
Mimam os ricos às vezes?
Buffet, não sejas morcão!

Lá porque tens esse nome,
escusas de nos pôr à fome!

Diferenças sociais


O amigo Ronaldo Azenha
já não liga à nossa rima:
é só cozinha nortenha
e paleio com gente fina...

Enquanto este sóbrio Mata
na casinha de Odeceixe
tem só comida barata
e a Odete guisa o peixe!

Há só que viver na baixa!
A Merkel e o Sarkozy
não deram uma para a caixa!
Não viste tu? É que eu vi...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A consciência de um mordomo


Ronaldo, mas que saudades!
Andas lá pela terrinha
e o Mata, todas as tardes,
a limpar estas cozinhas

que os porcalhões deixam sujas,
lá porque se acham poetas!
Tu protestas ou rabujas,
mas eu é que aturo as petas!

a) Feliciano da Mata


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ordem!


E agora um esquerdista?
Ronaldo, rimas confusas
fazem fugir nossas musas
e abatem-nos a crista.

a) Feliciano da Mata, produtor de eventos

Aviso


Tremam os da mesa dois,
tremam xuxas, tremam boys,
trema a negra reacção:
aqui resistimos nós
e sem qualquer concessão!

O PROCÓPIO VERMELHO (M-L)

Mais um poema de Haroldo de Menezes Vasconcellos


Portugal, tu apontas o Infinito
e a lonjura de ti é criadora.
Tudo passa num verso nunca dito,
tudo nasce na Pátria Redentora!

Amigos, pelo Rei e pela Grei!
Abaixo os financistas que devoram
nosso Povo e espezinham nossa Lei!

Abaixo os vende-pátrias que exploram
a terra e as palavras que eu amei!

a) Haroldo de Menezes Vasconcellos de Lima (Vinhais)


Contra Haroldo de Vasconcellos


Mas que raio de reaças
deixas entrar nesta malta?
Ronaldo, tu já te passas!
É que não fazia falta!

a) Feliciano da Mata, mordomo, da classe operária

O Quinto Império (proposição)


Ora bem: já que a finança
vai dar cabo deste mundo,
ergue-se uma nova esperança:
o Quinto Império no Mundo!

Para isso este poeta,
Haroldo de Vasconcellos,
torna seu canto uma seta
e seus versos são apelos.

Gil nas férias

As férias, Ronaldo amigo,
Podem ser de privação.
Põe de lado o pão de trigo,
abstêm-te do salpicão.

Em lugar do belo tinto
bebe da água corrente,
que mais vale andar faminto
que saciado e doente.

Habitua-te à salada
e à água da torneira.
P’ra aguentar a estopada
pensa desta maneira:

“Estou são que nem um pêro
e pronto p’ra regressar.
Em Paris eu só espero
matar-me a trabalhar.

Volto magro e sem doença
mas penso muito amiúde
que já tenho uma sentença:
morro cheio de saúde!”


E pronto, assim é que é.
Se a larica te consome
Põe-te depressa de pé
Oh tu, vítima da fome.

E nesta luta final
contra a gota e os alarves
hás-de ir p’ró hospital
sem ver presunto de Chaves.

sábado, 30 de julho de 2011

Um poeta apresenta-se

Sou Haroldo de Menezes
Vasconcellos Vinhais Lima.
Amofino-me por vezes
com esta malta da rima.

Anda aqui muito esquerdalho:
meu avô na Patuleia
batia com o chanfalho
nos malhados dessa ideia.

Por isso contem comigo:
Deus, a Pátria, o nosso Rei
têm em mim um amigo
pra poetar como eu sei.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dietas


Ronaldo, pudera eu
comer à minha vontade!
É que a Odete já leu
o Dukan - austeridade!

a) Feliciano da Mata

Haroldo "strikes back"

Ó Gil, tu és um poeta.
A rima não te atrapalha.
Versejas como uma seta
e acertas sempre na malha!

a) Haroldo de Menezes (Vinhais)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Férias

das berças, dançando o verão,
vos envio estas quadritas
estão sem grande inspiração
farei depois coisas catitas

este vosso servo amigo
passa os dias a morfar
salpicão em pão de trigo
e um tintol de arrasar

já tenho uns quilos à sobra
colesterol e tensão alta
um ácido úrico que é obra
e fica no Guiness da malta

em Setembro, em Pont de Sèvres
com a Arlete menos meiga
vai-se o empadão de lebre
esconde o pão, corta a manteiga

vão ser uns meses de luta
nessa dieta de forçado
saladas, água e fruta
vou passar um mau bocado!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Portugal era rico entre 1950 e 1974


Pois isto fez-me pasmar!
Ronaldo, queres saber?
No tempo do Salazar
fomos ricos a valer!

Porquê virmos para França
com a mala de cartão?
Portugal na abundância
e nós na emigração!

A gente andava descalça?
Era a riqueza excessiva
que dava ao povo essa falsa
impressão de alma cativa.

Fomos burros, meu Ronaldo.
Emigrar um disparate.
Hoje em dia, feito o saldo,
reconheço o meu dislate.

a) Feliciano da Mata, mordomo

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Jantaradas

Quando mais contente estou,
a memória desatina:
foi o que ontem se passou
na tasca da Josefina.

Quero dizer ao Ronaldo
que a nossa boa amizade
nem a Moody's põe em saldo:
viva a bela sociedade!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Códigos e passwords


Está bem, esqueci o código!
Mas por isso me fazeis
de vós todos filho pródigo?
Quanto de mim não sabeis...

De tantos códigos temos
o cérebro empastelado,
que já quase não mais lemos
o código consagrado!

Deus me proteja e defenda
dos lapsos da memória!
Fácil é criar a lenda
do que perdeu sua história...

a) Feliciano da Mata




Chez Josephine

Foi hoje no Josephine
disse-me um certo magano
estava o Mata a armar em fino
foi-lhe o cartão pelo cano

"Oito, nove, quatro, sete"
teimou o Mata, esquecido
quem código errado mete
fica logo confundido

Ó Mata, numa outra história
leva o bago trocadinho
qu'isto de ter má memória
é igual a ter mau vinho

Olá Mata!

Sabes? Mata, estou confuso
Já não percebo os spreads
Deve ser da falta d'uso
Sobre aquilo que me pedes

Falta-me o Medina Carreira
Nas noites do gordo Crespo
Mas pegaram-se à maneira
Logo os puseram ao fresco

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Alguém me explica?


Esta economia agora
está confusa e esotérica.
Ronaldo, tu que andas fora
diz-me quem é a histérica?

Coisas dos americanos?
A Merkel acordou torta?
Mas entre perdas e danos
já mais ninguém se comporta!

Ronaldo, tu que estudas
a fundo a economia,
vê lá então se me ajudas:
mordomo, só sei poesia!

a) Feliciano da Mata

Cá estamos


Muito obrigado, Ronaldo,
cá estou na Malta da Rima!
Não vou fazer de papalvo,
mas cantar a nossa sina.

E se cá no meu quartinho
quiseres aparecer às vezes,
pois é só pores-te ao caminho,
que não nos vemos há meses.

O Embaixador e o Poeta
que se mordam de despeito:
rima pronta e bem directa,
Azenha e Mata a preceito!

a) Feliciano da Mata

Vamos cantar as Janeiras

E viva o senhor Murdoch
e mais as rating agências:
é que se acusas o toque
perdem contigo paciência...

Todos calmos a cantar,
que as janeiras quero ouvir:
e o primeiro a destoar
ah, vai ter que me as ouvir!

Seja cura, rei ou papa
ou mesmo António Barreto:
cá ao rating ninguém escapa!
Cantem isso no coreto.

a) Feliciano da Mata, mordomo de um rapazinho da Moody's

(para evitar que o amigo Mata só possa publicar poemas por meu intermédio, vou convidá-lo para esvriba do blogue)

sábado, 9 de julho de 2011

Artigos pouco definidos

Ó Ronaldo, tu não viste
o Embaixador nos "Echos"?
E tu não passas de um triste,
nem surges no "Figaro"!

(do nosso amigo Mata)

Moody's

Esta Moody's duma figa
Deu-me a volta ao coração
Há por aí já quem diga
Qu'isto é uma assombração

Chamam lixo ao pessoal
Põem o país a arder
Estas agências do mal
Deviam ir-se "falecer"

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chuva

Chove em Paris: tempo de um raio!
faz lembrar o "Abril em Portugal"
que o salazarismo travestia de Maio
com o turista indignado a dizer mal

Um dia, fizemos a vontade à fachalhada:
aos vinte e cinco de um certo mês de Abril
saímos com os tanques para a estrada
e mandámo-los com cravos p'ró Brasil

Lipp aspirações!

Ó Ronaldo, pois não viste
quem estava ontem na Lipp?
Luis da Cunha, nada triste!
Só lá faltava o Alcipe...

(Do nosso amigo Mata)

domingo, 19 de junho de 2011

Febre

Paris sem sol, domingo com maleita
Arrepios a avisar da gripe
Que fazer? Demi no Flore como receita
Depois uma choucroute na Lipp

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Governo

Lá pela santa terrinha
vai haver governo novo
juízo, sorte e calminha
qu'isto é o voto do povo

Juízes de fora

Colaboração recebida:

Os juízes apanhados
Em fraude copiadora
Não são juízes togados,
São só juízes de fora.

Gil

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Das Regras

De um novo correspondente recebemos isto:

Copiei e tive dez,
mesmo depois de apanhado!
E manda quem assim fez:
sou futuro magistrado

João das Regras

Juízo

Com juízes a provar
o saber no copianço,
vai gente dessa julgar
os artistas do gamanço?

Do paraíso

É triste, mas ainda há quem assim reaja:

O teu é o que vai primeiro,
tanso fiscal de uma figa:
trabalhasses cá no meu
e eu dava-te uma cantiga!

Quim do Gamanço (gestor do off shore das Ilhas Desertas)

Grécia

Os titulos são garrafais
Treme a Acrópole e o Pireu
Isto vai longe demais
Já m'ameaçam o meu

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Reincidência

Chegou-nos novo texto deste género. Havíamos prometido não deixar que "poesia" deste jaez poluísse a serenidade deste blog. Mas, enfim, faz-se mais uma excepção:

RESPOSTA REVOLUCIONÁRIA A UMA PROVOCAÇÃO BURGUESA

Camaradas, nossa luta
tem por arma a poesia:
a mesa dois não disputa
ao povo a primazia!

Lá no Procópio sim!
Todos do mundo operário...
E quando chegava o fim
da noite ai era um calvário

chegar a horas à fábrica
para a luta recomeçar.
Quem entrou naquela máquina
não pode a classe largar.

Viva o Procópio Vermelho,
abaixo o burguês traidor!
Quem serve a classe operária
tem na luta o seu motor.

O PROCÓPIO VERMELHO (M-L)

GINGINHA SEMPRE! ABAIXO O UÍSQUE IMPERIALISTA!

VIVA A JUSTA LUTA DO SENHOR LUÍS!

Procopices

Este blogue não pode dar-se ao luxo de, sem critério, acolher poesia anónima ou de origem manifestamente apócrifa. Particularmente quando esses escribas (em cujo estilo se nota apenas uma distante noção do que é a literatura, lamento dizê-lo, com a autoridade que anos de obra poética sólida me conferem) aparecem ligados a estruturas políticas de existência mais do que duvidosa. Abrimos uma excepção - sem exemplo! - para o que agora nos chegou:

Conheço o Gil de gingeira.
Lá na tasca do Procópio
entrávamos na cavaqueira,
às vezes a despropósito!

Mas isso era gente boa
e da classe popular:
não eram queques, pessoas
que andam praí a armar

em escritores de treta
sem jeito, mas com peneiras!
Aquele Mendes poeta?
De burguês tem as maneiras...

Amigo Gil, não te iludas!
Por ti e por toda a malta
não gosto que agora acudas
à burguesia peralta!

Grupo Marxista Leninista "O Procópio Vermelho"

Gil recente

Do nosso correspondente Gil, chegou-nos o seguinte:

Fui há pouco informado
por amigo que me estima
que tive o nome citado
no blogue "Malta da Rima".

Corri ao computador
e ataquei o teclado.
Em estado de estupor
fui confirmar o recado.

É lisonjeiro, é baril!
Eu estou maravilhado
por ver o nome do Gil
em versos de pé-quebrado.

Não sei quem foi o escriba
que me deu tal distinção
mas já aqui estou, no Toshiba,
a agradecer a citação.

Entre eruditos, doutores,
em distinta companhia
de artistas, embaixadores,
fui visto na Livraria...

A fingir que os conhecia,
pus-me ao lado de escritores;
bati-me à fotografia,
falei com muitos senhores.

Quer dizer: um bom penetra
que saiba aplicar esta norma
vê aparecer, pela certa,
o nome em letra de forma.

E um anónimo cidadão,
qualquer humilde figura
poderá ficar, então,
na História da Literatura.

sábado, 11 de junho de 2011

O nosso dia

Com uma lata estanhada
Sem convite receber
Fui à festa à Embaixada
Entrei lá sem ninguém ver.

Caramba, boa comida!
A acompanhar de vinhaça
Fez-me saudades da vida
Em que andei com uma ricaça

Um amigo deu-me entrada
P'ró Teatro de la Ville
Foi uma bela noitada
Com um fado do baril

Foi Dia de Portugal
Uma data a não esquecer
Amanhã, nada é igual
A crise vai aquecer.

Barretices

Do velho amigo Francelino da Mata, recebi o seguinte poema, que transcrevo com gosto

Eu não sei fazer discursos,
não sou o Doutor Barreto:
não tirei todos os cursos
para saber o que é certo.

São tão honestos agora,
tão livres de podridão,
que esperamos a hora
de ao céu irem: ascenção!

Eu só sei botar a rima
e arear umas pratas:
mas há quem veja de cima
que o mundo se desbarata.

Se o Padre Santo tivesse
o saber deste Barreto,
podia, que bem carece,
ensinar Deus num acerto.

Francelino da Mata

quarta-feira, 8 de junho de 2011

... e Mendes respondeu!

Meu caro Ronaldo Azenha
deixe ladrar a matilha,
sua poesia desenha
no alto mar uma ilha

de qualidade ideal.
Obrigado p'la amizade
que guardo como sinal
do triunfo da verdade.

Saúde e Fraternidade!

Mendes da França

Parabéns ao Mendes

De Paris, caro amigo
deixo um abraço apertado
embora sem estar consigo
considere-me a seu lado

Dizem que foi festa forte
a cena do lançamento
como viu, já estão no corte
é sempre assim, nem lamento

Pela poesia lusa
que não tem versos em saldo
ó Mendes, não perca a musa
é o voto do Ronaldo

L(anç)amento

De um correspondente lisboeta desconhecido, recebemos o seguinte:

Não perdeste grande festa,
Azenha,meu velho amigo:
o Mendes lançou o livro,
nem um operário consigo!

Fui porque tu me disseste.
Mas não vi nada de jeito.
Dos indícios que me deste
não colhi nenhum proveito.

Deram-nos só vinho branco
e mais sumo de laranja!
Disse pra mim "não abanco"
porque de comida nanja!

Falou lá um senhor Judice,
burguês dos quatro costados.
Não percebi o que disse:
faz ele letras de fados!

Estavam até embaixadores,
qual deles o mais burguês!
Era festa de doutores
e nem o Gil a desfez!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Anónimo

Um anónimo avançou este comentário:

Ó Ronaldo, olha que o Mata
não só mata como esfola:
bem podes pôr a gravata
e até usar cartola...

És operário como eu
e andaste coa esquerdalha:
não penses que te esqueceu
a burguesia canalha!

Oportunamente, não deixarei de dar resposta a estas tão vis palavras

Resposta ao Mata

Olha o Mata! Olhó vivaço
que veio lá da Buraca
p'ra trabalhar com finaço
e amealhar a pataca

Conheço-te de ginjeira
dos tempos do bâtiment
aturei-te a bebedeira
e ressacas da manhã.

Sais-me agora um tal poeta
fogoso cultor da rima
com tempo, dava-te treta
sem ele, mando-te a estima.

Notícias do Mata

Do meu velho amigo Francelino da Mata, recebi este poema, que passo a transcrever:

Sou Francelino da Mata,
mordomo de gente fina.
Na Foch a arear a prata
e depois lanço-me à rima.

Azenha, tu não me esqueças,
não armes em diplomata.
Subiu-te o verso à cabeça,
desprezas o amigo Mata!

Esse Mendes não conheço,
mas operário não é.
Burgueses, não vos conheço!
Ronaldo, perdeste a fé?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ao meu colega da Foch

O Mendes é diplomata
dos de medalhinha ao peito
no trabalho os dias mata
às noites rima com jeito.

Sai-lhe agora obra asseada
com timbre da Dom Quixote
fruto de pena inspirada
qu'ele não é nenhum pixote.

"Lendas da Índia" na capa
lembra a terra onde passou
de Paris o texto escapa
'inda agora aqui chegou.